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Principais Doenças no Cárcere 

Doenças sexualmente transmissíveis e AIDS.

De acordo com estimativa do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (UNAIDS), a prevalência da Aids entre pessoas privadas de liberdade é mais alta que entre a população geral. As condições de confinamento, de assistência inadequada e a falta de perspectivas são fatores que aumentam a vulnerabilidade dessas pessoas ao HIV/Aids e a outras doenças sexualmente transmissíveis.

Nas prisões, é fator adicional de risco o compartilhamento de material usado para consumo de drogas, para tatuagens e piercings, bem como de lâminas de barbear, além da esterilização inadequada ou reutilização de instrumentos médicos ou odontológicos (SANTOS; BERMUDEZ, 2012).

 

O diagnóstico e o início de tratamento o mais precocemente possível ampliam as possibilidades de viver com o HIV, diminuindo as comorbidades e a mortalidade por Aids, melhorando a qualidade e a expectativa de vida. 

Recomenda-se o início de terapia antirretroviral para todas as gestantes, independentemente da presença de sintomas ou da contagem de linfócitos/CD4. Recomenda-se também a manutenção da terapia antirretroviral após o parto, independentemente do nível de linfócitos/CD4 no momento do início (BRASIL, 2013).

Essa abordagem vem na perspectiva de diminuição da transmissibilidade do HIV, colaborando para a diminuição da epidemia e para a diminuição dos processos inflamatórios nos indivíduos infectados, o que aumenta a expectativa de vida destes.

Um importante aliado da identificação precoce do HIV é o teste rápido disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Esse teste já está sendo utilizado no presídio em que você atua? Caso não, peça informações na Secretaria de Saúde do seu município para saber como você pode implantá-lo.

Além do teste rápido para HIV, o Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente os testes rápidos para hepatites B e C e sífilis.

Lembramos que estas, bem como a tuberculose, são importantes comorbidades. Elas têm uma evolução diferenciada nos indivíduos com HIV/Aids. Portanto, sua identificação precoce contribui para a minimização de danos por acesso ao tratamento.

 

 Câncer de colo uterino e câncer de mama

O trabalho desenvolvido pelas equipes de Atenção Básica é fundamental para a prevenção de doenças, o diagnóstico precoce e o acompanhamento das mulheres. Não deve ser diferente para as equipes de saúde nas prisões. Assim, entre as ações desenvolvidas na rotina dessas equipes, destacam-se aquelas relacionadas ao controle dos cânceres do colo de útero e de mama. 

A Linha de Cuidado do Câncer tem a finalidade de assegurar à mulher o acesso humanizado e integral às ações e aos serviços qualificados, estabelecendo o “percurso assistencial” com o objetivo de organizar o fluxo dos indivíduos, de acordo com suas necessidades.

A organização da linha de cuidado envolve intervenções na promoção da saúde, na prevenção, no tratamento, na reabilitação e nos cuidados paliativos, englobando diferentes pontos de atenção à saúde, com o objetivo de alcançar bons resultados clínicos.

​Considerando a alta incidência e a mortalidade relacionadas ao câncer de útero e ao câncer de mama, é responsabilidade dos gestores e dos profissionais de saúde realizar ações que visem ao controle dessas doenças e que possibilitem a integralidade do cuidado, aliando as ações de detecção precoce com a garantia de acesso a procedimentos diagnósticos e terapêuticos em tempo oportuno e com qualidade (BRASIL, 2013).

O método de rastreamento do câncer do colo de útero no Brasil é o exame citopatológico (exame de Papanicolau), que deve ser oferecido a todas as mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e àquelas mais jovens que já tiveram atividade sexual. Nessa faixa etária se encontra a quase totalidade das mulheres no sistema prisional, o que revela a importância de os profissionais de saúde estarem atentos ao acompanhamento dessas mulheres. 

A priorização dessa faixa etária como população-alvo justifica-se por ser a de maior ocorrência das lesões de alto grau, passíveis de serem tratadas efetiva e precocemente, a fim de que não evoluam para o câncer. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência desse câncer aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos de idade e atinge seu pico na quinta ou sexta décadas de vida. Antes dos 25 anos, prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regrediram espontaneamente na maioria dos casos, portanto podem ser apenas acompanhadas conforme recomendações clínicas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2007)

Após os 65 anos, por outro lado, se a mulher tiver feito os exames preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer cervical será reduzido em função da sua lenta evolução (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2011).

 

​​Em relação ao câncer de mama, é o segundo tipo mais frequente no mundo. Esse tipo de câncer é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.O trabalho em equipe dentro do sistema prisional pode fortalecer a mulher no cárcere a enfrentar o diagnóstico e tratamento, diante dos efeitos do tratamento e fragilidades que possam ser identificadas. Diante disso, você profissional pode, em ações conjuntas com colegas, adotar medidas que auxiliem na prevenção desses agravos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2011).

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